Premiado, Acessa SP colhe frutos de parceria com Escola do Futuro

O Acessa SP é responsável por criar os Infocentros e toda a infraestrutura necessária, ao passo que a USP contribui com as práticas de mediação no ambiente virtual e conteúdos digitais interativos.

O programa Acessa SP, voltado para a inclusão digital da população do Estado, disponibiliza às comunidades acesso às tecnologias de informação e comunicação, em especial à internet, por meio dos seus postos espalhados por diversas cidades, nos quais mantém computadores que podem ser utilizados gratuitamente. Há 13 anos parceiro da Escola do Futuro, da USP, o Acessa SP é responsável por criar os Infocentros – postos disponibilizados aos usuários – bem como toda a infraestrutura necessária, ao passo que a instituição universitária contribui com as práticas de mediação no ambiente virtual e com os conteúdos digitais interativos.

Coordenadora científica da Escola do Futuro, a professora Brasilina Passareli explica que o grupo trabalha com a proposta de responder às demandas que surgem: “É um ambiente aberto e colaborativo. Nos nossos projetos não trabalhamos com nenhuma solução pronta, fechada”. Além disso, totalmente de acordo com as aspirações do programa, só são utilizados softwares livres. “Tudo aqui é Linux. O Acessa é a maior comunidade de BROffice, de software livre do Brasil. Porque não faz sentido oferecermos solução proprietária para uma comunidade carente”, comenta.

Mais que internet

Após a constituição de toda uma filosofia que orienta o projeto, partiu-se para a formação da equipe, que seria, por sua vez, responsável pelo treinamento dos monitores dos Infocentros – ou colaboradores, como a professora gosta de chamá-los. Por fim, a formação desses colaboradores continuaria à distância, por meios virtuais, sendo constantemente atualizada.

Uma especificidade do programa do governo é que ele, ao contrário de similares, não se restringe ao acesso virtual. Muitos frequentadores crescentemente vêm adquirindo internet em casa, porém, ao contrário do esperado, a visita aos centros não diminuiu. A resposta a esse resultado é que há locais que não possuem opções culturais, e os postos do Acessa se configuram, assim, como os ocupantes dessa lacuna. Desse modo, em lugar de ir unicamente para buscar acesso às tecnologias da informação e comunicação, o usuário acaba por vivenciar um ambiente rico de opções, no qual se desenvolvem atividades diversas, sendo um caso emblemático as partidas de xadrez, que evoluíram de tal forma a se tornarem um campeonato.

Além disso, o núcleo da USP desenvolveu uma ferramenta de pesquisa, o Ponline, que está aberta a consultas no site do Acessa SP. O Ponline é uma base de dados que possui pesquisas com a comunidade de monitores e usuários dos centros. “Se queremos saber como era a renda desse pessoal antes e como ela é hoje, por exemplo, podemos pesquisar por classe socioeconômica, por idade”, explica a professora, que prossegue: “esse ano nós estamos com três livros sendo lançados sobre dados obtidos com pesquisas que fizemos com os idosos usuários. Nós nos questionamos sobre os motivos de a população de idosos estar crescendo no Acessa, além de nos perguntarmos sobre o que eles pesquisam, como pesquisam e o que os seduz. Além disso, nós realizamos entrevistas via web com essas pessoas. É uma ferramenta que atrai muito.”

O futuro da Escola

Educadores ligados às tecnologias da informação e comunicação, especialmente a multimídia e o hipertexto, acreditavam que tais dispositivos causariam grandes impactos, transformando os modos de se ensinar e de se aprender. Na USP, esses docentes buscaram apoio institucional e reuniram esforços para a construção do atual Núcleo de Pesquisa das Novas Tecnologias de Comunicação Aplicadas à Educação, a Escola do Futuro.

Fundada em 1989 na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, a Escola seria, nas palavras da professora Brasilina Passarelli, “um dos mais longevos núcleos de pesquisa da universidade na área de Ciências Sociais Aplicadas, que ano que vem faz 25 anos”.

As deficiências do sistema exclusivamente institucional, porém, se tornaram patentes após dois anos, quando as bolsas para formação de recursos humanos em áreas estratégicas concedidas pelo CNPq chegaram ao fim e cerca de 90% dos pesquisadores abandonaram a Escola do Futuro. A partir de então, buscou-se um modelo de sustentação que não dependesse unicamente de bolsas de pesquisa, estabelecendo-se parcerias, tanto com instituições privadas, quanto com órgãos governamentais. Nesse contexto surge a parceria com o governo do Estado de São Paulo, expressa pelo programa Acessa São Paulo.

Premiado em 2013 pela Fundação Bill e Melinda Gates, tendo concorrido com programas espalhados pelo planeta, o Acessa SP foi reconhecido como um projeto de imensa importância social, o que traz para o núcleo da USP uma grande satisfação. “Nós temos mérito nisso, pois somos, também, os idealizadores das ações. E isso é importante para a academia, que se vê reconhecida internacionalmente”, conclui Brasilina.

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