No Dia Internacional da Mulher, USP lança campanha “Elas Sempre Podem”

Campanha da USP, que começa no Dia Internacional da Mulher, incentiva o empoderamento feminino através de cartazes e folhetos.

Campanha da USP, que começa no Dia Internacional da Mulher, incentiva o empoderamento feminino através de cartazes e folhetos

Elas sempre podem. É esse o mote da campanha organizada pelo Escritório USP Mulheres, que busca empoderar as mulheres e defender a igualdade de gênero. Outdoors, cartazes e folhetos serão distribuídos pelos campi da Universidade, a partir deste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, contendo diferentes frases que desconstroem estigmas femininos. A campanha foi escolhida em dezembro de 2015, quando nove equipes formadas por alunos do curso de Publicidade e Propaganda da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, sob a coordenação do professor Heliodoro Teixeira Bastos Filho, apresentaram suas propostas aos dirigentes da Universidade e representantes do Programa ONU Mulheres Brasil.

Foto: Divulgação
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Para isso, a campanha “Elas Sempre Podem” aponta e desmente pensamentos marcados pelo machismo que predominam hoje relacionados a questões de chefia, de carreira, de vestimenta apropriada e de horários certos para sair, destacando que as mulheres não devem lutar pela igualdade sozinhas. “Além do empoderamento, queremos passar a ideia de que os homens devem apoiá-las. Nossa posição [do Escritório USP Mulheres] é trazer os homens para o nosso lado e torná-los o mais feministas possível”, diz Eva Blay, coordenadora do projeto e professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Quanto à relação entre os coletivos feministas e o novo projeto, Vera Soares, assistente do Escritório, garante: “Vamos procurar estabelecer diálogos, conhecer o que essas mulheres estão reivindicando, trocar ideias e fortalecê-las no que for possível. A atuação delas neste ano, no início das aulas, foi fundamental, principalmente na recepção aos calouros”. Neste ano, o Projeto USP Mulheres ainda vai realizar uma pesquisa com professores, funcionários e alunos sobre a violência dentro da Universidade. A pesquisa tem como objetivo mapear a situação da USP antes e depois da campanha e analisar o seu impacto.

Eva Blay | Foto: Cecília Bastos
Eva Blay | Foto: Cecília Bastos

Eva Blay, que é um dos principais nomes do feminismo brasileiro – fundou o Nemge (Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero), foi a primeira presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina do Estado de Paulo (1983-85) e publicou livros e artigos sobre a participação política da mulher, a violência contra a mulher, o feminismo e masculinidades – também chama a atenção para a passeata que a Rede Não Cala, composta por cerca de 200 professoras e pesquisadoras da USP, realiza nesta terça, para entregar ao reitor Marco Antonio Zago uma petição contra a violência sexual e de gênero dentro da Universidade. Ela aponta a campanha “Elas Sempre Podem” como um passo inicial para combater essa violência e chamar a atenção do máximo de pessoas possível: “A ação tem que ser conjunta; quanto mais somarmos, melhor”.

A campanha do Programa USP Mulheres acontece a partir desta terça, dia 8 de março, com cartazes, outdoors e folhetos distribuídos pelos campi da Universidade.

Ouça entrevista com a professora Eva Blay divulgada hoje no programa USP Notícias, da Rádio USP

A criação do Escritório USP Mulheres

Foto: Divulgação
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A USP é uma das dez universidades mundiais escolhidas  para fazer parte do movimento solidário ElesPorElas (HeForShe), da ONU Mulheres – instituição criada pelas Nações Unidas para o desenvolvimento de projetos na área de igualdade de gêneros e empoderamento feminino. O projeto faz parte do programa Impacto 10x10x10, lançado no Fórum Econômico Mundial, em Davos, em janeiro de 2015, reunindo líderes mundiais, dos setores público e privado e da academia. Os critérios de seleção das universidades são baseados em sua reputação ética, excelência no serviço público, relevância e alcance global e a boa vontade em usar sua influência para comandar e inspirar mudanças no ensino superior – além da USP, participam Georgetown University, University of Hong Kong, University of Leicester, Nagoya University, Oxford University, Sciences Po, Stony Brook University (The State University of New York), University of Waterloo e University of the Witwatersrand.

A parceria com a USP, a única universidade latino-americana, surgiu em junho do ano passado, gerando a criação do Programa USP Mulheres, que agora conta com um escritório dentro do campus da Cidade Universitária, em São Paulo. Segundo Eva Blay, em artigo publicado no Jornal da USP, o Escritório USP Mulher, vai se esforçar para implantar programas que balizem valores igualitários e os decorrentes comportamentos. “As portas do Escritório estarão abertas para construir uma nova ética de solidariedade, igualdade e paz.”

Paula Lepinski / Jornal da USP

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